segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Falafel Vegan


Falafel Vegan

Eu havia descido à Praia de Iracema para fazer uns exercícios e manter meu corpo ativo. Andar de bike, curtir patins & nadar no mar. Mas na noite anterior, depositei uns 250 gr de grão-de-bico crus numa tigela com água - o tanto para cobrir a leguminosa. Quando cheguei da praia, por volta do meio-dia, tomei meu banho e fui à cozinha. Lugar de homem é na cozinha, e de mulher também. Lugar de vegetarian@ é na cozinha. Já não havia água nenhuma na tigela, toda absorvida pelos grãos-de-bico. Mantive-os crus e encharcados. Vegetarian@ é piloto de fogão. Descasquei quatro dentes de alho, piquei meia cebola branca e meio pimentão [se você curtir pimentão]. Coloquei o alho próximo à lâminas do liquidificador e fui acrescentando a cebola e o pimentão. Joguei o grão-de-bico e uma colher generosa de tahine [pasta de gergelim, delícia!] e um fio de azeite. Sal eu não quis colocar. Descontruir essa cultura do sal e do açúcar refinados. Livrar-se dos temperos prontos industrializados, livrar-se da comida higienizada dos self-services baratos... preparar seu próprio rango gostoso. Isso é autonomia; isso é autogestão. Autogestão não é idéia cristalizada; mas conceito em movimento.

Gosto de pensar na autogestão como uma espécie de desgoverno; desgovernar, mais do que autogerir. Desgovernar para transcender a infantilização de homens, mulheres e crianças pelo Estado [melhor, de agora em diante com a inicial minúscula, como em deus]... O estado nos infantiliza porque nos torna dependentes e reféns voluntários de suas mentiras, nos captura em sua biopolítica de controle participativo do cidadão. O cidadão já é o sujeito assujeitado e subssumido na sociedade de controle. O cidadão colabora ativamente para garantir o ordenamento social capitalista. Desgovernar é construir o sujeito anárquico, o sujeito insurreto: o homem revoltado, a mulher libertária, a criança sublevantada...

Retirei a pasta do liquidificador e coloquei numa travessa e misturei um punhado de aveia fina, para dar mais liga. A massa desse falafel não precisa estar homogênea. Se você encontrar alguns grãos-de-bico ainda inteiriços, deixe-os inteiriços. Ponha uma frigideira larga ao fogo, com óleo de sua preferência [quanto a mim, pus óleo de semente de uvas verdes] e duas colheres de azeite de dendê [esse é o segredo, aqui revelado!]. Misturar a cultura árabe com os temperos da Bahia.

O ponto: quando você conseguir passar a massa de uma colher para a outra, fazendo um formato de miniacarajés... deposite delicadamente no óleo quente. Eu fui colocando um a um no sentido horário. Assim, quando coloquei o último na frigideira, já fui logo virando os primeiros... porque tudo é muito rápido. E você não vai querer Falafel queimado, vai?

Prepare uma travessa com papel absorvente para retirar o excesso de óleo e o sentimento de culpa por comer um alimento mais gorduroso [mesmo q essa gordura seja menos prejudicial, pq o dendê é muito benéfico a nossa saúde]...

Como se vê nas fotos, servi com arroz branco e um delicioso creme de ervilha [mando a receita depois, se vocês me lembrarem...]

Para suco: maracujá com rúcula, sem açúcar...

Depos disso só uma sesta de rede na varanda do Cauype. Sol de Fortaleza, você me fortalece.



sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Chega de Saudade - João Gilberto

Saudades do João

Nunca havia eu imaginado ter em minha discoteca o vinil "Chega de Saudades", do imenso João Gilberto... e, de repente, encontro essa maravilha na Feira da Música, aqui em Fortaleza. Ele parecia dizer "Sandro me possua..". Eu sei, ele é que sempre me possuiu. Sempre esteve em minha mente e em meu corpo, suas canções sempre foram para mim um ritornelo que se repete ad infinitum nas moléculas de minha vida... Cantarolar João Gilberto dento de um ônibus lotado, sofejar João Gilberto em meio a um Corínthinas e santos,lembrar dos versos musicados de João Gilberto enquanto subo e desço as ladeiras de Olinda durante o carnaval... 

Ontem a noite mesmo fiquei ouvindo sua sonoridade, a voz e o violão do João...


Abaixo segue uma resenha, assinada pro Alexandre Matias, que me pareceu a altura desse momento... traçando uma analogia do "Chega de Saudades" e do João Gilberto com atrajetória dos Beatles, como catalisadoras e produtores de um universo musical únicos que estão constatemente nos rodeando, como astros orbitando nossa galáxia e emitindo sinais dissonantes pro cinco mil autofalantes...


Fico devendo uma foto do álbum, mas é que minha máquina digital está com o André Moura [noso querido Dandré]... 


Sandroca

Obs.: o vinil que consegui é de 1959!!!

Chega de Saudade - João Gilberto



“Mas eles são quatro e cantam em inglês”, ria Tom Jobim no Epílogo do escolástico Chega de Saudade, escrito por Ruy Castro em 1990. Naquele ano, conta o livro, a editora de direitos autorais BMI fez uma pesquisa para saber quais as músicas mais tocadas no mundo e sua “Garota de Ipanema” estava na quinta posição, atrás apenas de quatro canções dos Beatles - daí o motivo do gracejo. A brincadeira procede, mas por mais que “Garota de Ipanema” tenha sida apresentada ao mercado americano no mês seguinte à chegada de John, Paul, George e Ringo aos EUA (tanto a Beatlemania quanto a onda de bossa nova tomaram os Estados Unidos de assalto no primeiro semestre de 1964), ela não teria o mesmo impacto caso o velho maestro não tivesse conhecido João Gilberto.
Não é exagero comparar João Gilberto aos Beatles, pelo contrário. Ambos artistas inventaram o universo musical que habitamos hoje, criando amálgamas sonoros que moldaram os ouvidos da segunda metade do século vinte.
De Liverpool, no norte da Inglaterra, os quatro heróis britânicos ruminaram a música de rádio dos anos 50 (e não apenas o rock’n’roll, mas também soul, standards, doo-wop, rockabilly, country, surf music, folk e R&B) devolvendo-a ao resto do mundo como uma sonoridade sólida, coesa e autoral – que mais tarde o mundo chamaria apenas de “rock”. Sua grande sacada: reduzir todo o instrumental a duas guitarras, baixo e bateria e mesmo assim manter o som cheio e vibrante.
De Juazeiro, no norte da Bahia, nosso herói mascou o rádio dos anos 30 e 40 (e não apenas o samba, mas também jazz, músicas tradicionais, conjuntos vocais, samba-canção, música sertaneja, choro, música de fossa e o batuque) traduzindo-o para o resto do mundo como uma sonoridade igualmente sólida, coesa e autoral – que mais tarde chamaríamos apenas de “bossa nova”. Sua grande sacada: reduzir todo o instrumental apenas para seu violão.
Este é um caso à parte. Enigmático, cheio de acordes dissonantes e inusitados, seu violão reinventava a tradição rítmica brasileira ao atrelá-la à harmonia moderna para sempre. Enquanto a mão esquerda esticava-se para pressionar cordas distantes umas das outras, a direita recolhia-se quase fechada, com o polegar conduzindo o ritmo grave nas cordas mais grossas como um surdo de escola de samba e os outros dedos puxam as cordas mais finas, repetindo o toque do repique. Por cima, a voz.
Que voz. Nem rompantes de divas de jazz, lamentos dramáticos do samba-canção ou cantos bon vivant dos clones de Sinatra. João canta com a intensidade de quem conversa, calmo e sereno, deixando o som vibrar o mínimo possível.
Explorava vazios sonoros como Miles Davis começava a fazer na mesma época, mas não queria introspecção e sim tranqüilidade. Para isso, contou com Jobim na coordenação de seu primeiro disco, Chega de Saudade, quando posicionou estrategicamente as coordenadas de seu novo mapa: seis partes de novos compositores (Lyra, Bôscoli, Jobim, Vinícius), duas de Ary Barroso e uma de Dorival Caymmi, além de um tema quase religioso e duas quase instrumentais.
Os Beatles injetavam juventude, velocidade e brilho a uma cultura popular que descobria, fascinada, os poderes da comunicação global. João veio logo depois, pedindo calma, mas não como um bedel. Com seu violão, ele plantou a semente de uma árvore de silêncio, que se infiltrou no imaginário mundial e acompanha, discreta, a genealogia da música do fim do século. E se hoje não estamos berrando todos uns com os outros, culpe João.

 Texto original, aqui:
http://www.oesquema.com.br/trabalhosujo/2007/12/10/chega-de-saudade-joao-gilberto.htm

sábado, 6 de agosto de 2011

Tofu & Patins

Praia, patins & tofu

Essa semana foi de praia, patins & tofu... Todas as manhãs fui deixar Caê na escolinha, peguei meus patins e corri para o calçadão da Praia da Iracema... Fiquei à vontade para patinar sem ter absolutamente ninguém transitando à minha frente... E aó percebi o quanto já estou bem nos patins... e voltando para o apê, pegar o caê e preparar o almoço... Espaguetti integral, feijão branco com jerimum, alface ao molho de shoyu e limão, tofu frito com alho-poró... e de sobremesa suco de maracujá e sagu de laranja-pêra... Para fortalecer o corpo e a alma do guerreiro...